sábado, 8 de março de 2008

A ausência em cada um de nós





Ausência


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.



Vagueava pela net depois de ter escrito o post "Ausências e realidades" e encontrei este poema de Carlos Drummond de Andrade

Realidades e ausências


Ausência.

Palavra usada vezes sem conta e que nos define, ou não.

Estou ausente sem o estar, porque estou aqui, onde sempre estive.

A ausência é subjectiva.

Desculpa. Porque tenho estado ausente. Não, eu não fui para fora... quer dizer para outro sítio físico.

Estive ausente de mim ou por outro lado... completamente mergulhada em mim e longe do mundo circundante.


O que nos faz estar assim?
Estar, sem estar?

Penso nisso e dou comigo a estar fora, fora disto, desta realidade que não passa de utopia.


O que é a realidade?

A verdade é que quando estou "ausente"... ausência é a minha realidade. Mas para quem está ao pé de mim... eu não estou. Porque dizem... "estás com a cabeça na lua?!"

Ausência de mim mesma ou loucura.

Estar e não estar.


Realidades e ausências.





Ideias que se repetem, se misturam, se embrulham.
Escrevo para me encontrar porque acredito que aquilo que os lábios não dizem a alma fará brotar através da escrita.



Mundo azul ... num mundo de ausências.